O mundo psicológico dos jovens superdotados revela um universo complexo e profundo que precisa ser compreendido de uma perspetiva holística. Eles não enfrentam apenas desafios cognitivos, mas também questões de ajustamento social e emocional que requerem intervenção especializada para promover o seu pleno desenvolvimento. Estes indivíduos muitas vezes têm uma motivação interna que alimenta a sua curiosidade e desejo constante de aprender. Este “motor interno” é o que os leva a procurar continuamente desafios e a envolver-se em atividades que lhes permitam crescer intelectualmente. No entanto, esta motivação pode tornar-se uma fonte de tensão quando não é acompanhada por um ambiente de apoio durante os seus primeiros anos de formação.
Estes indivíduos frequentemente experimentam uma constante falta de “boa adaptação” ou um desajuste entre as suas capacidades e o ambiente académico e social durante os anos escolares. Sentem-se incompreendidos e frequentemente experimentam um sentimento de solidão existencial porque os seus interesses e habilidades nem sempre são partilhados ou apreciados pelos seus pares. O que poderia ser um aspeto enriquecedor e motivador para eles—a sua multipotencialidade—também se torna uma fonte de stress devido a terem muitas opções disponíveis e sentirem a pressão de escolher o caminho certo. Isto é ainda mais exacerbado pelo perfeccionismo, uma característica que estes jovens veem tanto como uma força que os impulsiona a fazer as coisas bem, como uma fraqueza que gera ansiedade por não corresponderem às suas próprias expectativas.
Apesar destes desafios, os adultos superdotados podem mostrar um claro processo de crescimento pessoal à medida que encontram ambientes mais favoráveis, como a universidade, onde podem aceder a relações sociais mais enriquecedoras e desafiadoras. A sensação de não pertencer diminui, e o seu sentimento de “estar bem consigo mesmos” aumenta, o que é fundamental para o desenvolvimento de uma identidade saudável e uma autoestima robusta. Além disso, há uma forte necessidade de liberdade espiritual. Estes jovens valorizam profundamente a autonomia na tomada de decisões e na busca de um sentido para as suas vidas que vá além dos objetivos académicos ou profissionais. Procuram a liberdade para definir os seus próprios valores e para perseguir os seus objetivos pessoais e espirituais.
Em conclusão, o pleno desenvolvimento dos jovens adultos superdotados requer uma atenção que vá além do cognitivo e abranja o crescimento social, emocional e espiritual. A chave para apoiá-los eficazmente reside em proporcionar ambientes que os desafiem cognitivamente, ao mesmo tempo que oferecem apoio emocional e espaços onde possam expressar as suas preocupações e necessidades pessoais. Os psicólogos que trabalham com esta população devem focar-se em fomentar a conexão entre estes indivíduos e o seu ambiente, promovendo um sentido de pertença e autenticidade, e ajudando-os a navegar pelos desafios da multipotencialidade e do perfeccionismo, respeitando e cultivando a sua necessidade de liberdade e crescimento pessoal.
